Folha Dirigida, em 02/08/2012
Professor Antonio Luiz Mendes de Almeida
Que presidência ou realeza de um país compareça a uma Olimpíada, é compreensível e mesmo desejável na festa de confraternização do planeta, espetáculo imperdível. Mas daí como explicar a nossa enxundiosa comitiva, com marido, esposa, papagaio, sogra e uma chusma de ministros, inclusive o de Esportes que nem sabe o que são práticas desportivas. Pior, o que faz o Ministro da Educação nesse meio? Para quê a figura? No MEC não aparece e vai para o oitavo mês sem ter feito coisa alguma, nada novo, diferente nem sequer participou de reunião com seus subordinados (acho que os professores universitários têm alguma ligação com a pasta), permanecendo mudo, quieto, sem nada sugerir, ponderar, redarguir. Que ele foi precipuamente,como se sabe, para carregar, como sempre, as valises da “madame-chefe”, as colunas políticas divulgam, afinal é considerado o “queridinho”, ninguém mexe. Quem sabe um dia desses ele não renuncia, novamente, irrevogavelmente, como lhe agrada? Fico no aguardo para o bem da nossa educação que não precisa demais um político para correr atrás de votos para as funções que o interessam, o executivo estadual, onde o dinheiro corre solto. É patente que as obrigações ministeriais não lhe importam, está matando o tempo à espera de 2014, esta a sua única meta. Até lá, se não lhe der enfado, vamos ter de aguentar, triste sina nossa a que já devíamos estar acostumados…
O mês que entra trará, enfim, o mensalão que surgirá sobre grandes expectativas ou nenhuma, será uma absolvição geral ou três ou quatro condenações medianas para constar. Que brasileiro, do Oiapoque ao Chuí, desconhece que o ex-sindicalista, ao contrário do que berrava e argumentava, “sabia, vira e ouvira” sobre o mensalão jogada de seu partido que mantinha com mão de ferro? Quem ousaria enfrentar o homem que tinha a força e a popularidade? Um pouco de história: o PT nasceu como um partido disposto a renovar, fazendo uma política baseada na ética e na legalidade. Depois de, insistentemente, tentado por três vezes a presidência, sempre derrotado, conseguiu, por fadiga do material, o objetivo colimado. Aí, muda tudo, o que valia, não mais existe. O PT que sempre foi contra o Plano Real, o adotou integralmente sem reconhecer os méritos de seu introdutor que, tão gentil e democraticamente, lhe repassou o bastão de comando. Mais, deveria recuar a Fernando Collor que deu a base da reforma econômica até hoje em vigor. Não aceitam os méritos de ninguém e hoje (castigo galopa) enfrentam greves das quais foram precursores e de onde se formou o mito. O homem do “nunca antes neste país” fez um governo que ele me demonstrou ter sido dos mais corruptos que tivemos, por que a herança obrigatória que deixou para a “boneca de ventríloquo, foi a de seis ministros dispensados por “malfeitos” e mais um que se encontra devidamente agasalhado. Agora que a hora se aproxima, buscam adiar o julgamento para ocasionar a aposentadoria de dois ministros que poderiam ser votos contrários. Um terceiro ministro, “o garoto” permanece incrivelmente em silencio, sem revelar se vai se julgar impedido ou não. pelo trabalho e ligações anteriores bem como relações amorosas. Qual o charme do jovem? Quer o quê? Ou decide logo sim ou não, deixa de joguinho bobo ou quer valorizar a mercadoria? No geral, que tristeza a nossa justiça, lerda, caolha, comprometida, fazendo a alegria de advogados remunerados regiamente, homens que já foram ministros e que se prestam a esse papel que deveria ser gratuito em prol da nação. Haja contato, haja versões disparatadas, jogo e esconde, verbas que escorregam para bolsos diversos. Salvo exceções ( não muitas) a justiça é a morte das esperanças, o atraso na vida, o desespero individual de quem entra com a ação reclamando um direito que ele, com a as provas que detém, virá a obter. Quer dizer, ele não, seu neto ainda não nascido, talvez venha a se beneficiar com o que o avô, enterrado como indigente, lhe deixou. Infelizmente, estamos assim, sem saída e, repito, em vias de assistir a um belo julgamento, legítimo, puro ou a uma patacoada, a uma farsa de quinta categoria que encherá as páginas até onde der ou a atenção se mantiver. Em que deu a CPMI do contraventor? Calado estava, calado continua, os valores salientes vêm a público, mas ninguém responde, fica um confisco aqui,outro ali, mas todos soltos, prontos a se reencontrarem em Paris na comemoração próxima.
Estou amargo, leitor, descrente de tudo ? Estou, tenho idade para saber que, infelizmente, nada mudará, a única modificação possível é por intermédio da educação que nunca tivemos. É preciso uma mudança de mentalidade das autoridades, das famílias, das escola, outra atitude, valorizar o certo, cultivar o entendimento, aceitar o vizinho, colaborar, vigiar, proteger. Como estamos, não vamos a lugar nenhum, ficaremos marcando passo, achando que samba, cachaça e futebol resolvem o problema. Nós não temos passado, qual a nossa história gloriosa, o mundo nos conhece por quê? Pela nossa contribuição mundial, pelos nossos gênios, nossos autores fantásticos, pelas tradições milenares? Como, são só quinhentos e poucos anos de vida que não fazem cócegas na história. Fomos um povo colonizado, especializaram-se em retirar nossas riquezas minerais, um povo miscigenado, pouco ciente de suas origens, e durante muito tempo permanecemos acocorados diante do estrangeiro, implorando por atenção e os recepcionando, até hoje, com mulatas de fio dental. É o que temos para mostrar, nosso sol, nossas praias, nossas carnes!
Ainda bem que as Olimpíadas representam um intervalo, um refresco, algo de bom que exige esforço individual e coletivo, o recorde em fração de segundo, o grito, a lágrima, a conquista, a perda. Nos campos, nas quadras,nas pistas busca-se a superação, o pouco mais além, com suor e dor. Tive o prazer de ver Hugo Hoyama, a nossa lenda do tênis de mesa, mais uma vez presente e, infelizmente, desclassificado. Joguei muito direitinho este esporte, era bom de cortadas de frente e revés, por trás das costas, por debaixo da perna, a raquete apontada, reta, plana, trazendo o efeito ou encurvada fazendo a bolinha pular mais alto, escapar da resposta. Tenho alguns troféus, mas nenhum olímpico…
P.S.: Que cerimônia fantástica de abertura, cada uma supera a anterior em criatividade e beleza. As pétalas flamejantes, formando a tocha, terão sempre lugar de destaque. E nós teremos de superar, logo mós…. Dizem que já foi aprovado o roteiro para a passagem da flama que será carregada por traficantes de alto coturno, seguindo, pelo alto, o roteiro das UPPs. Deve ficar bom…